Cuidados a ter na escolha de um empreiteiro
A construção de uma casa é para grande parte das pessoas o investimento de uma vida, a realização de um sonho. Quase toda gente recorre a empréstimos bancários que andará a pagar a vida toda, logo é normal que não queiram que se brinque com o seu dinheiro. Neste artigo vamos abordar alguns cuidados que deve ter ao pré-seleccionar alguns empreiteiros para darem preço para a construção da vossa casa. Quantos mais vos derem preço, melhor, mas aconselhamos que no mínimo o peçam a meia dúzia, o que tendo em conta a crise que o país atravessa, não será complicado.
Aconselhamos também a que peça um plano de trabalhos, mesmo que seja um simplificado. Defina o prazo de execução da obra, e peça-lhes para em conjunto com o preço apresentarem um plano de trabalhos em que balizem a execução dos trabalhos mais representativos (estrutura por pisos, cobertura, alvenarias, betonilhas, soleiras/peitoris, caixilharias e vidros, rebocos, acabamentos, pinturas, carpintarias, loiças sanitárias, arranjos exteriores). Este aspecto permitirá que durante a execução da obra você controle devidamente o tempo de execução dos trabalhos, e saiba em cada momento quanto é que a sua obra está adiantada ou atrasada. Não aceite a desculpa que não sabem trabalhar com o MS Project ou outros programas de planeamento, um planeamento de obra simples até em Excel se faz.
Combine também que os pagamentos mensais serão realizados em função do trabalho executado, ou seja, à medição. Definam um dia fixo por mês (entre 20 a 24) para esse efeito, e definam um dia fixo também para os pagamentos (entre 25 a 28). Com o mapa de quantidades referido no ponto 3, é fácil controlar isso. Ao medir um trabalho verifica que % do total foi realizada, e paga exactamente essa % do valor do artigo. Repete-se o processo todos os meses, para todos os trabalhos. Assim nunca estará a adiantar dinheiro ao empreiteiro, mas também não o estará a prejudicar. No fundo é a solução mais equilibrada.
Sugira a retenção de 5% do valor mensal dos trabalhos, valor esse que você entregará no fim do prazo da garantia. Esta retenção visa servir de garantia para o caso de aparecer algum problema durante o prazo de garantia da obra. Uma vez que este valor pode ser pesado para o empreiteiro, sugira o recurso a garantias bancárias.
Se tiver alguma sugestão para juntar a estes 4 conselhos, não hesite em escrever nos comentários do artigo.
1 - Referências anteriores
Contactem o empreiteiro e peçam-lhe informações/contactos de clientes anteriores, assim como o de alguns dos seus habituais fornecedores. Relativamente aos clientes, se o empreiteiro não tiver nada a temer não terá qualquer problema em fornecer uma lista de clientes que possam atestar a sua competência e seriedade. Desconfie se a lista de clientes fornecida só tiver um ou dois nomes. No que diz respeito aos fornecedores, não aceite respostas do tipo "não temos fornecedores fixos, estamos sempre a variar". Normalmente isso é sinal que deixam calotes em vários fornecedores, andando sempre a saltar de uns para os outros. Se for uma empresa séria e sólida, terá alguns fornecedores habituais onde consegue descontos que só um cliente habitual e regular conseguirá. Estude também a reputação dos fornecedores, pois é de lá que o material que vai constituir a vossa casa virá.2 - Alvará
Se a empresa não tiver alvará ou não o tiver renovado, é bem provável que tenha dívidas ou que esteja mais parada que a funcionar. Evite empresas nessas condições.3 - Documentação técnica
Longe vão os tempos em que se olhava para uma planta e se atirava um preço para a obra. Não abdique que os empreiteiros que vão dar preço para construir a sua casa o façam artigo a artigo. Para isso é essencial que inclua no contrato com o projectista a elaboração de um mapa de quantidades devidamente detalhado. Caso não tenha feito isso, contrate um técnico da área para o fazer. Não será um trabalho caro e compensará devidamente no que vai poupar durante o controlo da obra. Se o empreiteiro não quiser dar preço deste modo, dispense-o do concurso. Qualquer que fosse o preço dado, seria incerto, e significaria que ele iria trabalhar durante a obra para ter lucro, nem que fosse vendendo gato por lebre. Ao darem preço artigo a artigo você garante que o empreiteiro está a estudar a obra e está conscientemente a dar preço para aqueles materiais, para aquelas soluções. Depois, durante a obra, controle artigo a artigo.Aconselhamos também a que peça um plano de trabalhos, mesmo que seja um simplificado. Defina o prazo de execução da obra, e peça-lhes para em conjunto com o preço apresentarem um plano de trabalhos em que balizem a execução dos trabalhos mais representativos (estrutura por pisos, cobertura, alvenarias, betonilhas, soleiras/peitoris, caixilharias e vidros, rebocos, acabamentos, pinturas, carpintarias, loiças sanitárias, arranjos exteriores). Este aspecto permitirá que durante a execução da obra você controle devidamente o tempo de execução dos trabalhos, e saiba em cada momento quanto é que a sua obra está adiantada ou atrasada. Não aceite a desculpa que não sabem trabalhar com o MS Project ou outros programas de planeamento, um planeamento de obra simples até em Excel se faz.
4 - Pagamentos
Se um empreiteiro lhe propuser um adiantamento inicial, rejeite e considere seriamente elimina-lo do processo de selecção. Por norma, e cruzando com o que foi dito no primeiro ponto, um empreiteiro que não tenha calotes a torto e a direito, tem crédito nos seus fornecedores (60, 90 ou até mais dias). Quanto pedem um adiantamento justificam com a necessidade da compra de materiais, mas quando assim acontecer, pense que ou ele tem calotes nos fornecedores, e mais cedo ou mais tarde isso vai prejudicar a sua obra, ou que então ele quer receber antes de executar, o que lhe permite a qualquer altura desaparecer e ficar no lucro...Combine também que os pagamentos mensais serão realizados em função do trabalho executado, ou seja, à medição. Definam um dia fixo por mês (entre 20 a 24) para esse efeito, e definam um dia fixo também para os pagamentos (entre 25 a 28). Com o mapa de quantidades referido no ponto 3, é fácil controlar isso. Ao medir um trabalho verifica que % do total foi realizada, e paga exactamente essa % do valor do artigo. Repete-se o processo todos os meses, para todos os trabalhos. Assim nunca estará a adiantar dinheiro ao empreiteiro, mas também não o estará a prejudicar. No fundo é a solução mais equilibrada.
Sugira a retenção de 5% do valor mensal dos trabalhos, valor esse que você entregará no fim do prazo da garantia. Esta retenção visa servir de garantia para o caso de aparecer algum problema durante o prazo de garantia da obra. Uma vez que este valor pode ser pesado para o empreiteiro, sugira o recurso a garantias bancárias.
Conclusão
Seja inflexível nestes pontos, empresa que não os cumpra, não serve para tornar real o investimento da sua vida. Não tenha problemas em ser criterioso e exigente, hoje em dia qualquer empresa competente não terá problemas com isso, e assim poderá conseguir despistar alguns patos bravos. Contudo não pense que estes conselhos por si só lhe valem a garantia de não ter problemas na execução da sua casa, até porque construir uma casa sem ter qualquer problema é praticamente uma utopia. O que se pretende é que os antecipe, que esteja preparado para eles e para os resolver de forma que o satisfaça.Se tiver alguma sugestão para juntar a estes 4 conselhos, não hesite em escrever nos comentários do artigo.
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2 Comentários:
Este artigo está um pouco desactualizado da actual realidade no que se refere tanto a crédito por parte dos fornecedores como na obtenção de garantia bancária.
E na minha experiência de mais de 25 anos tenho-me deparado, não com "calotes" de empreiteiros mas sim com "calotes" de clientes.
Os conselhos aqui prestados vão todos no sentido de incentivar esta ultima prática — a do "calote" do cliente, que atendendo ao estado do nosso sistema jurídico se traduz quase sempre por "dinheiro em caixa".
Parece-me, portanto, um muito mau conselho e muito mau principio a dar aos clientes.
Pessoalmente, recuso-me a iniciar qualquer obra sem um sinal de 5%. Não cobre sequer o início da obra mas é uma forma do cliente se sentir envolvido e responsabilizado em todo o processo.
Se o papel do construtor é construir bem e em tempo, o do cliente é de acompanhar a obra e pagar a tempo.
Crédito a 90 dias ?! Outra ilusão e um nome pomposo para uma operação que apenas se traduz em lucros para a entidade bancária que suporta esse crédito. Quem, em ultima instancia, suporta esses crédito? O cliente, claro.
Já está na altura de rever "formulas" de trabalho desactualizadas e que apenas oneram a construção e propor relacionamentos comerciais mais equilibrados e menos onerosos.
Parece-me, portanto, que alguns dos conselhos aqui prestados, mais que tendenciosos, são contraproducentes.
Este artigo está um pouco desactualizado da actual realidade no que se refere tanto a crédito por parte dos fornecedores como na obtenção de garantia bancária.
E na minha experiência de mais de 25 anos tenho-me deparado, não com "calotes" de empreiteiros mas sim com "calotes" de clientes.
Os conselhos aqui prestados vão todos no sentido de incentivar esta ultima prática — a do "calote" do cliente, que atendendo ao estado do nosso sistema jurídico se traduz quase sempre por "dinheiro em caixa".
Parece-me, portanto, um muito mau conselho e muito mau principio a dar aos clientes.
Pessoalmente, recuso-me a iniciar qualquer obra sem um sinal de 5%. Não cobre sequer o início da obra mas é uma forma do cliente se sentir envolvido e responsabilizado em todo o processo.
Se o papel do construtor é construir bem e em tempo, o do cliente é de acompanhar a obra e pagar a tempo.
Crédito a 90 dias ?! Outra ilusão e um nome pomposo para uma operação que apenas se traduz em lucros para a entidade bancária que suporta esse crédito. Quem, em ultima instancia, suporta esses crédito? O cliente, claro.
Já está na altura de rever "formulas" de trabalho desactualizadas e que apenas oneram a construção e propor relacionamentos comerciais mais equilibrados e menos onerosos.
Parece-me, portanto, que alguns dos conselhos aqui prestados, mais que tendenciosos, são contraproducentes.
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