No início deste ano o colectivo Esta é a minha cidade? lançou um desafio: um concurso de ideias para a Praça de Lisboa.
Talvez muitos de vocês, mesmo morando no Porto, não saibam onde fica a Praça de Lisboa – é um espaço público difícil de caracterizar e que não corresponde propriamente à imagem que a maioria das pessoas tem de uma Praça. Já foi um mercado, tentou ser um shopping fechado em si mesmo, resistiu enquanto Café na (pseudo-)Praça, continua a ser um parque de estacionamento e esperemos que no futuro deixe de ser um muro vandalizado de costas voltadas à cidade.
Custa a crer que um espaço público numa localização tão fulcral tenha sido urbanisticamente tão desprezado. Este triângulo urbano de difícil resolução congrega à sua volta marcos tão importantes como a Igreja dos Clérigos, a Cadeia da Relação, a actual Reitoria da Universidade do Porto ou a Livraria Lello e Irmão. Com a recente invasão de animação diurna (as lojas) e nocturna (os bares) das adjacentes Ruas Galeria de Paris e Cândido dos Reis, é imperativo recuperar a imagem de um espaço que tem potencial para ser muito mais do que um útil parque de estacionamento. E isto está a ser feito: o único projecto apresentado a concurso (não admira que fosse o vencedor, certo?), da autoria de Balonas & Menano, foi apresentado na Câmara e as obras estão em curso - embora aos soluços.
Mas então, se o assunto está resolvido, porque é que foi lançado um concurso de ideias para a Praça de Lisboa?
A pergunta é pertinente e a reposta dá que pensar: porque, mais do que aceitar a única solução à disposição, importa trazer para a praça pública a discussão acerca do que é a cidade, o espaço público e a nossa relação com o mesmo. Não são só os arquitectos que têm algo a dizer – também os cidadãos deveriam participar no projecto comunitário da cidade. O colectivo Esta é a minha cidade? chama assim a atenção para a necessidade de recuperar o conceito do concurso público – mais do que um simples processo de escolha, deveria ser uma oportunidade de diálogo e discussão aberto à população, sobretudo quando falamos de um significativo espaço público da cidade.
Mas então… e porquê falar disso agora?
Bem, porque estão 30 propostas em cima da mesa à espera de uma animada discussão. Serão inúteis pela sua óbvia não aplicabilidade prática, mas serão também tão mais úteis quanto mais servirem de motivo de reflexão. No dia 29 de Outubro, a partir das 18h, na Loja A Vida Portuguesa, no Porto, terão a vossa oportunidade de se juntarem ao debate acerca d’O que é um espaço público? Depois não digam que ninguém vos perguntou nada.
Imagens:
1. Zona envolvente à Praça de Lisboa, Porto
2. Proposta vencedora e única do concurso realizado em 2007, Balonas & Menano
3. No Rules, Great Spot – frase escrita em grafitti num dos muros da demolida Praça de Lisboa
4. Pedro Soares Neves | Folha em Branco - Proposta vencedora do concurso de ideias lançado em 2011 pelo colectivo Esta é a minha cidade?
Créditos: No Rules, Great Spot
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Artigo escrito por Ana Pina, nascida no Porto em 1980. Formada em arquitectura pela FAUP desde 2004, divide agora as suas paixões entre a ilustração e a joalharia contemporânea. Colabora com o Engenharia e Construção desde Setembro do presente ano.
Talvez muitos de vocês, mesmo morando no Porto, não saibam onde fica a Praça de Lisboa – é um espaço público difícil de caracterizar e que não corresponde propriamente à imagem que a maioria das pessoas tem de uma Praça. Já foi um mercado, tentou ser um shopping fechado em si mesmo, resistiu enquanto Café na (pseudo-)Praça, continua a ser um parque de estacionamento e esperemos que no futuro deixe de ser um muro vandalizado de costas voltadas à cidade.
Custa a crer que um espaço público numa localização tão fulcral tenha sido urbanisticamente tão desprezado. Este triângulo urbano de difícil resolução congrega à sua volta marcos tão importantes como a Igreja dos Clérigos, a Cadeia da Relação, a actual Reitoria da Universidade do Porto ou a Livraria Lello e Irmão. Com a recente invasão de animação diurna (as lojas) e nocturna (os bares) das adjacentes Ruas Galeria de Paris e Cândido dos Reis, é imperativo recuperar a imagem de um espaço que tem potencial para ser muito mais do que um útil parque de estacionamento. E isto está a ser feito: o único projecto apresentado a concurso (não admira que fosse o vencedor, certo?), da autoria de Balonas & Menano, foi apresentado na Câmara e as obras estão em curso - embora aos soluços.
Mas então, se o assunto está resolvido, porque é que foi lançado um concurso de ideias para a Praça de Lisboa?
A pergunta é pertinente e a reposta dá que pensar: porque, mais do que aceitar a única solução à disposição, importa trazer para a praça pública a discussão acerca do que é a cidade, o espaço público e a nossa relação com o mesmo. Não são só os arquitectos que têm algo a dizer – também os cidadãos deveriam participar no projecto comunitário da cidade. O colectivo Esta é a minha cidade? chama assim a atenção para a necessidade de recuperar o conceito do concurso público – mais do que um simples processo de escolha, deveria ser uma oportunidade de diálogo e discussão aberto à população, sobretudo quando falamos de um significativo espaço público da cidade.
Mas então… e porquê falar disso agora?
Bem, porque estão 30 propostas em cima da mesa à espera de uma animada discussão. Serão inúteis pela sua óbvia não aplicabilidade prática, mas serão também tão mais úteis quanto mais servirem de motivo de reflexão. No dia 29 de Outubro, a partir das 18h, na Loja A Vida Portuguesa, no Porto, terão a vossa oportunidade de se juntarem ao debate acerca d’O que é um espaço público? Depois não digam que ninguém vos perguntou nada.
Imagens:
1. Zona envolvente à Praça de Lisboa, Porto
2. Proposta vencedora e única do concurso realizado em 2007, Balonas & Menano
3. No Rules, Great Spot – frase escrita em grafitti num dos muros da demolida Praça de Lisboa
4. Pedro Soares Neves | Folha em Branco - Proposta vencedora do concurso de ideias lançado em 2011 pelo colectivo Esta é a minha cidade?
Créditos: No Rules, Great Spot
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Artigo escrito por Ana Pina, nascida no Porto em 1980. Formada em arquitectura pela FAUP desde 2004, divide agora as suas paixões entre a ilustração e a joalharia contemporânea. Colabora com o Engenharia e Construção desde Setembro do presente ano.
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