Porque não se olha para o dumping da construção?
Há uns tempos foi notícia a prática de dumping por parte do Continente na venda de leite, agora torna-se a falar no dumping devido à promoção de descontos directos de 50% que se verificou ontem no Pingo Doce. Antes de mais, vamos definir dumping para quem ainda não conhece o significado do termo: Dumping é uma prática comercial que consiste em uma ou mais empresas de um país venderem seus produtos, mercadorias ou serviços por preços extraordinariamente abaixo de seu valor justo para outro país (preço que geralmente se considera menor do que se cobra pelo produto dentro do país exportador), por um tempo, visando prejudicar e eliminar os fabricantes de produtos similares concorrentes no local, passando então a dominar o mercado e impondo preços altos. (via Wikipédia)
Um pouco por todo o lado, inclusive partidos políticos (PCP e BE pelo menos), já se ouviu as pessoas exigirem a intervenção da ASAE no sentido de investigar se esta acção do Pingo Doce foi legal ou se constituiu uma acção de dumping. Curiosamente as pessoas que exigem isso nesta situação, nunca se ouviram quando o mesmo acontece na construção. Pode-se alegar que muitas empresas que ganham concursos com margens de 20 ou 30% (quando não ainda mais) abaixo do preço de custo o fazem por desespero e não por estratégia de dumping, no entanto nunca se exigiu uma investigação, nunca se referiu a gravidade da situação.
Isto acontece talvez por causa do estigma que as empresas de construção têm em Portugal. As pessoas que estão do lado de fora ao assistirem ao que se passa neste momento no sector da construção nacional pensam que finalmente é feita justiça, que finalmente os empreiteiros estão a deixar de ganhar rios de dinheiro. Esquecem-se que a construção é um negócio como outro qualquer, e que quem anda nele é para ganhar dinheiro, não para trabalhar para aquecer.
Mas estamos em Portugal, e o que interessa é falar do que dá mediatismo e simpatia do povo. Portanto falemos do dumping no leite, nas fraldas, etc... e deixemos o sector da construção afundar-se até não poder mais.
Um pouco por todo o lado, inclusive partidos políticos (PCP e BE pelo menos), já se ouviu as pessoas exigirem a intervenção da ASAE no sentido de investigar se esta acção do Pingo Doce foi legal ou se constituiu uma acção de dumping. Curiosamente as pessoas que exigem isso nesta situação, nunca se ouviram quando o mesmo acontece na construção. Pode-se alegar que muitas empresas que ganham concursos com margens de 20 ou 30% (quando não ainda mais) abaixo do preço de custo o fazem por desespero e não por estratégia de dumping, no entanto nunca se exigiu uma investigação, nunca se referiu a gravidade da situação.
Isto acontece talvez por causa do estigma que as empresas de construção têm em Portugal. As pessoas que estão do lado de fora ao assistirem ao que se passa neste momento no sector da construção nacional pensam que finalmente é feita justiça, que finalmente os empreiteiros estão a deixar de ganhar rios de dinheiro. Esquecem-se que a construção é um negócio como outro qualquer, e que quem anda nele é para ganhar dinheiro, não para trabalhar para aquecer.
Mas estamos em Portugal, e o que interessa é falar do que dá mediatismo e simpatia do povo. Portanto falemos do dumping no leite, nas fraldas, etc... e deixemos o sector da construção afundar-se até não poder mais.
Tweet
5 Comentários:
Margem de 20%? Existe alguma obra em Portugal onde se ganhe uma margem de 20%????
Penso que a frase só pode estar mal escrita, e o que o queriam dizer é que ganha a obra com 20% / 30% de desconto sobre o valor seco!!!!
Infelismente na construção, contunua-se a adjudicar as obras pelo preço mais baixo, quando a maneira mais justa de as adjudicar seria efectuando a média de todas as propostas, escluindo a proposta mais baixa e a mais alta.
Obrigado pelo reparo, comeram-se algumas palavras ao escrever. Obviamente que as margens referidas eram negativas, ou seja, abaixo do preço de custo.
O que é grave, é que esquecem-se que a construção move muito o mercado. A construção dá empregabilidade a muita gente e isso é um facto. Faz mexer outras empresas: nas vendas de materiais; vendas de posteriores decorações, quer a nível mobiliário, quer a nível textil... Isso irá exigir mãos de obra qualificada para o mobiliário (p.e. carpinteiros, posteriormente lojas para a sua venda...), para o textil (p.e. costureiras e posteriormente lojas para a venda desses materiais...). Neste sentido estamos a falar de muitos postos de trabalho mesmo. É dar força à construção, para a economia andar....
O que veio agravar mais o setor da construção civil é que para os patrões ganhar obras os orcamentos tinham que ser abaixo das soas expectativas,assim as empresas não podiam ter os seus lucros para terem margens economicas para se estabelecerem,e cá para mim a moeda veio
esvalorizar o poder de compra.
Enviar um comentário