Casa de Chá da Boa Nova – em fase de recuperação ou vandalização?
Não quero acreditar que um edifício classificado como Monumento Nacional seja deixado ao abandono… a notícia relativamente recente de que a Casa de Chá da Boa Nova teria sido encerrada para se proceder a obras de requalificação deixou muita gente triste e indignada. Na altura não achei que a notícia fosse propriamente motivo para indignação, mas sim sinal de cuidado e interesse – afinal de contas não seria de estranhar que obras de reabilitação ou alterações ao funcionamento fossem necessárias e falou-se até em negociações com o chef Rui Paula, sempre no sentido de reafirmar a importância do edifício e a necessidade de uma ocupação de acordo com o seu estatuto.
O edifício de Siza Vieira, construído em Leça da Palmeira, no início dos anos 60 foi uma das primeiras obras do premiado arquitecto e tem sido desde sempre símbolo de uma arquitectura sensível ao lugar, marco indissociável da marginal de Leça, de visita obrigatória para qualquer amante da arquitectura – e não só.
Muitas vezes lá fui tirar fotos e admirar a paisagem, tomar um chá ou um café – e até jantar, junto a um dos envidraçados, dividida entre a magia da vista para o mar e a qualidade da refeição e do serviço. Já não entrava lá há muito tempo quando ouvi a notícia do encerramento. Se é por uma boa causa, pensei, que a encerrem para depois poder reabrir em novo esplendor… mas agora, quando olho para estas fotos e vejo o estado em que se encontra, questiono-me se o encerramento tem de facto em vista a sua recuperação ou a sua vandalização.
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Artigo escrito por Ana Pina, nascida no Porto em 1980. Formada em arquitectura pela FAUP desde 2004, divide agora as suas paixões entre a ilustração e a joalharia contemporânea. Colabora com o Engenharia e Construção desde Setembro de 2011.
O edifício de Siza Vieira, construído em Leça da Palmeira, no início dos anos 60 foi uma das primeiras obras do premiado arquitecto e tem sido desde sempre símbolo de uma arquitectura sensível ao lugar, marco indissociável da marginal de Leça, de visita obrigatória para qualquer amante da arquitectura – e não só.
Muitas vezes lá fui tirar fotos e admirar a paisagem, tomar um chá ou um café – e até jantar, junto a um dos envidraçados, dividida entre a magia da vista para o mar e a qualidade da refeição e do serviço. Já não entrava lá há muito tempo quando ouvi a notícia do encerramento. Se é por uma boa causa, pensei, que a encerrem para depois poder reabrir em novo esplendor… mas agora, quando olho para estas fotos e vejo o estado em que se encontra, questiono-me se o encerramento tem de facto em vista a sua recuperação ou a sua vandalização.
Não quero precipitar-me e deixar-me levar pelas aparências, quero acreditar e dar tempo ao tempo… quero dar o benefício da dúvida aos responsáveis – e quero voltar a entrar com prazer na Casa de Chá da Boa Nova. Posso?
Crédito da foto: Paulo Pimenta, P3
Crédito da foto: Paulo Pimenta, P3
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Artigo escrito por Ana Pina, nascida no Porto em 1980. Formada em arquitectura pela FAUP desde 2004, divide agora as suas paixões entre a ilustração e a joalharia contemporânea. Colabora com o Engenharia e Construção desde Setembro de 2011.
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