Grua colapsou em Sidney
As imagens da queda de uma grua em Sidney na Austrália estão a correr o mundo, não só pelo evento em si, mas também pela particularidade da empresa à qual a grua pertencia. Esta grua que colapsou após um incêndio pertencia à Lend Lease, empresa que também era a proprietária da grua que ruiu durante a passagem do furacão Sandy em Nova Iorque. Quem imaginaria que em tão pouco espaço de tempo uma mesma empresa poderia ter dois acidentes com gruas? No caso da queda da grua em Sidney não houve mortos nem feridos, tendo-se conseguido evacuar a zona da obra e arredores antes da queda.
A grua caiu em cima da cobertura da Universidade de Tecnologia de Sidney e esse momento ficou registado em vídeo, como a seguir apresentamos.
O operador da grua encontrava-se no seu posto de trabalho quando começou o incêndio mas foi retirado para baixo a tempo de garantir a sua segurança. Veja de seguida algumas fotografias tiradas no local.
A grua caiu em cima da cobertura da Universidade de Tecnologia de Sidney e esse momento ficou registado em vídeo, como a seguir apresentamos.
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1 Comentário:
A grua que caiu em Nova Iorque, não representa a meu ver uma situação anómala em demasia uma vez que se tratou da exposição a condições climatéricas extremas. Quem conhece Nova-Iorque sabe que se conjugam factores que submetem as estruturas a esforços gigantescos sob condições de resistência dos materiais que não são nada favoráveis. A acção do vento (que à altitude da grua é muito superior à que se regista ao nível do solo, combinada com a temperatura baixa e o teor de humidade resultam num efeito "chill" que baixa a temperatura dos materiais a tal ponto que estes se tornam quebradiços... Junte-se a isto as vibrações causadas pelo vento e ampliadas pela ressonância ao longo da estrutura da própria grua e temos o cenário ideal para um desastre que normalmente não é considerado nas condições normais de cálculo. Este caso, muito embora não avance com as condições específicas que envolvem o acontecimento, aparenta ser um defeito de manutenção, ou um defeito de manuseamento, ou até, um defeito de concepção do próprio equipamento. Recordo que a recente introdução no mercado de produtos eléctricos oriundos da China (refiro-me às cablagens) têm sido responsáveis por muitos dos incêndios de origem eléctrica que têm assolado o mundo da construção. Faço esta referência porque a tentação de incorporar componentes de baixo custo é grande, mas o barato sai caro. Por diversas vezes já assisti a extensões trifásicas a entrarem em fusão devido à falta de secção e à alta resistividade das ligas de cobre usadas na cablagem. Isto deve-se maioritariamente ao facto de o cobre poder ser combinado com outros materiais que tornam o seu custo muito mais reduzido, e essa é a prática corrente dos fabricantes chineses, que usam ligas pobres em cobre e "roubam" às secções úteis dos cabos, disfarçando este facto com um revestimento de plástico mais espesso (revestimento esse que muitas vezes também tem pouca resistência à temperatura e coopera no cenário do triângulo de fogo). Faço este alerta aos meus colegas da segurança, nomeadamente os que trabalham em Angola, onde abundam produtos eléctricos chineses (extensões trifásicas, monofásicas, fichas triplas e muitos outros) que colocam em risco a segurança de pessoas e bens... Recordo que as altas temperaturas operacionais que se fazem sentir em regiões como Luanda, são um factor de risco acrescido no uso destes materiais, tanto mais que a tensão da rede eléctrica é muito instável e atinge picos muito além dos padrões de qualidade a que estamos habituados a nível europeu. Poderão perguntar... "Mas o que é que isto tem a ver com a grua em Sidney?"...
Bom... só o facto de as exportações de material eléctrico chinês ter crescido na ordem dos 35% nos últimos dois anos, e que a influência no mercado da região Ásia-Pacífico ser a que mais contribuiu para esse aumento.
Vigilância e exigência quanto à qualidade dos equipamentos que se usam em obra é um imperativo de todo o técnico de segurança, de todo o director de obra, de todo o gestor de equipamentos, porque quando as coisas falham, normalmente as consequências são graves.
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