Materiais tocam o alarme no horizonte da recuperação
Depois de nove meses consecutivos com expectativas de vendas a apontar para uma redução na intensidade de crescimento dos negócios, o tecido empresarial português que se dedica ao comércio de materiais de construção demonstra - no último Inquérito de Conjuntura da Associação Portuguesa dos Comerciantes de Materiais de Construção (APCMC) - uma perceção mais «favorável» sobre a evolução deste indicador. É, de resto, o único (num total de quatro) a alinhar por este diapasão.
O mais recente relatório, referente ao 2.º trimestre do ano, evidencia-o, tomando por bitola o saldo das respostas extremas (SRE) dos empresários ao inquérito efetuado pela APCMC: «No indicador “vendas” cifrou-se em +20,1% (que compara com +10,5% no trimestre anterior), com a percentagem das empresas que afirmou o respetivo aumento face ao período anterior a subir de 29,2% para 30,6%», revela o documento, o qual, ao mesmo tempo, constata uma redução «mais significativa» das empresas que consideram terem as vendas diminuído (de 19,5% para 10,5%).
Seja como for, os sinais de preocupação toldam parcialmente as linhas de força mais benévolas possíveis de extrair do estudo, uma vez que a evolução das vendas face ao período homólogo não aparece favorável quer no segmento retalhista quer no armazenista. Ou seja, «a melhoria sazonal dos negócios, que é tradicional nos 2.º e 3.º trimestres, não terá sido suficientemente intensa, neste início de “temporada alta”, para permitir atingir os números de há um ano».
Retrocesso à espreita…
A variação negativa das vendas homólogas registada pela maioria das empresas leva a APCMC a considerar a situação, «de certa forma, alarmante». E se os números do 3.º trimestre não vierem corrigir a trajetória, a Associação vê no horizonte um «eventual retrocesso no caminho da recuperação» do setor.
O indicador “nível de atividade”, tido por «maioritariamente positivo», parece estar em sintonia com esta perspetiva mais pessimista das empresas, pois que «piorou significativamente», apresentando um SRE de 6%, contra um resultado de +21,4% nos primeiros três meses do ano. «A percentagem dos inquiridos que classificaram a atividade como Boa diminuiu de 32,1% para 21,2%, enquanto a percentagem que considerou a respetiva atividade com Deficiente aumentou de 10,7% para 15,2%», explica-se.
Não obstante a evolução trimestral dos indicadores “preços” e “existências” apresentar igualmente um «comportamento desfavorável», as previsões que apontam para o 3.º trimestre demonstram haver uma confiança crescente na atividade e na melhoria das vendas.
A causa mais provável para esta eventualidade é, no entender da APCMC, o aumento da procura que se terá registado no final do 2.º trimestre, após a paragem da chuva e com o aumento das temperaturas. De uma outra forma, os «sinais positivos» oriundos do setor imobiliário e, em consequência, da reabilitação urbana nas zonas históricas de Lisboa e Porto, bem como, o «aumento substancial que se continua a registar no crédito à habitação», dão «algum alento» para o futuro próximo.
Tributação imobiliária excessiva com riscos ao virar da esquina
O Inquérito de Conjuntura não deixa de apontar, todavia, que o «atraso enorme da execução do Portugal 2020» e as regras de acesso aos incentivos, «desajustadas da realidade» financeira das empresas e da banca, «têm contribuído para a diminuição das expectativas e atrasado projetos de investimento privado». A isto acrescem «as dificuldades em cumprir as metas orçamentais» do País, as quais «levaram a uma travagem» no investimento público que «começa a fazer sentir os seus efeitos na atividade das empresas de construção».
Do mais imediato para o médio prazo, as preocupações da APCMC centram-se nos argumentos dos que têm vindo a defender um aumento na tributação dos imóveis e dos respetivos rendimentos.
Ora, fundamenta a Associação, sendo atualmente o investimento privado no imobiliário (sobretudo o destinado ao mercado do arrendamento e a atividades turísticas) o motor da reabilitação urbana, «a alteração substancial das condições atuais de tributação poderá pôr em risco a necessária rentabilidade das operações, vindo a causar uma quebra acentuada nesta atividade, com graves consequências para a sustentabilidade do setor».
Angola mexeu com a balança do setor
Segundo os últimos dados coligidos pela APCMC, o comércio internacional de produtos e equipamentos para a construção apresentou para Portugal, em 2015, um saldo positivo de praticamente 1.188 milhões de euros (uma variação negativa de 13,2% face ao ano anterior), dado que as exportações totalizaram cerca de 6.300 milhões e as importações 5.112. Ou seja, as vendas ao exterior do setor pesaram 12,6% no total das exportações portuguesas no ano transacto.
«Quer as exportações quer as importações de produtos e equipamentos para a construção, que em 2014 haviam ultrapassado os 6.242 e os 4.873 milhões de euros, respetivamente, continuaram a crescer em 2015. A subida das importações (na ordem dos 4,9%) compreende-se, já que o setor da construção conheceu algum incremento neste ano, em especial na área da reabilitação de edifícios. As exportações cresceram a um ritmo mais lento (0,92%), condicionadas pela redução dos mercados dos países emergentes, em especial Angola, que era o nosso terceiro mercado há dois anos, valendo cerca de 752 milhões de euros (23% do total das exportações portuguesas para aquele país)», revela o secretário-geral da APCMC, José de Matos.
O mais recente relatório, referente ao 2.º trimestre do ano, evidencia-o, tomando por bitola o saldo das respostas extremas (SRE) dos empresários ao inquérito efetuado pela APCMC: «No indicador “vendas” cifrou-se em +20,1% (que compara com +10,5% no trimestre anterior), com a percentagem das empresas que afirmou o respetivo aumento face ao período anterior a subir de 29,2% para 30,6%», revela o documento, o qual, ao mesmo tempo, constata uma redução «mais significativa» das empresas que consideram terem as vendas diminuído (de 19,5% para 10,5%).
Seja como for, os sinais de preocupação toldam parcialmente as linhas de força mais benévolas possíveis de extrair do estudo, uma vez que a evolução das vendas face ao período homólogo não aparece favorável quer no segmento retalhista quer no armazenista. Ou seja, «a melhoria sazonal dos negócios, que é tradicional nos 2.º e 3.º trimestres, não terá sido suficientemente intensa, neste início de “temporada alta”, para permitir atingir os números de há um ano».
Retrocesso à espreita…
A variação negativa das vendas homólogas registada pela maioria das empresas leva a APCMC a considerar a situação, «de certa forma, alarmante». E se os números do 3.º trimestre não vierem corrigir a trajetória, a Associação vê no horizonte um «eventual retrocesso no caminho da recuperação» do setor.
O indicador “nível de atividade”, tido por «maioritariamente positivo», parece estar em sintonia com esta perspetiva mais pessimista das empresas, pois que «piorou significativamente», apresentando um SRE de 6%, contra um resultado de +21,4% nos primeiros três meses do ano. «A percentagem dos inquiridos que classificaram a atividade como Boa diminuiu de 32,1% para 21,2%, enquanto a percentagem que considerou a respetiva atividade com Deficiente aumentou de 10,7% para 15,2%», explica-se.
Não obstante a evolução trimestral dos indicadores “preços” e “existências” apresentar igualmente um «comportamento desfavorável», as previsões que apontam para o 3.º trimestre demonstram haver uma confiança crescente na atividade e na melhoria das vendas.
A causa mais provável para esta eventualidade é, no entender da APCMC, o aumento da procura que se terá registado no final do 2.º trimestre, após a paragem da chuva e com o aumento das temperaturas. De uma outra forma, os «sinais positivos» oriundos do setor imobiliário e, em consequência, da reabilitação urbana nas zonas históricas de Lisboa e Porto, bem como, o «aumento substancial que se continua a registar no crédito à habitação», dão «algum alento» para o futuro próximo.
Tributação imobiliária excessiva com riscos ao virar da esquina
O Inquérito de Conjuntura não deixa de apontar, todavia, que o «atraso enorme da execução do Portugal 2020» e as regras de acesso aos incentivos, «desajustadas da realidade» financeira das empresas e da banca, «têm contribuído para a diminuição das expectativas e atrasado projetos de investimento privado». A isto acrescem «as dificuldades em cumprir as metas orçamentais» do País, as quais «levaram a uma travagem» no investimento público que «começa a fazer sentir os seus efeitos na atividade das empresas de construção».
Do mais imediato para o médio prazo, as preocupações da APCMC centram-se nos argumentos dos que têm vindo a defender um aumento na tributação dos imóveis e dos respetivos rendimentos.
Ora, fundamenta a Associação, sendo atualmente o investimento privado no imobiliário (sobretudo o destinado ao mercado do arrendamento e a atividades turísticas) o motor da reabilitação urbana, «a alteração substancial das condições atuais de tributação poderá pôr em risco a necessária rentabilidade das operações, vindo a causar uma quebra acentuada nesta atividade, com graves consequências para a sustentabilidade do setor».
Angola mexeu com a balança do setor
Segundo os últimos dados coligidos pela APCMC, o comércio internacional de produtos e equipamentos para a construção apresentou para Portugal, em 2015, um saldo positivo de praticamente 1.188 milhões de euros (uma variação negativa de 13,2% face ao ano anterior), dado que as exportações totalizaram cerca de 6.300 milhões e as importações 5.112. Ou seja, as vendas ao exterior do setor pesaram 12,6% no total das exportações portuguesas no ano transacto.
«Quer as exportações quer as importações de produtos e equipamentos para a construção, que em 2014 haviam ultrapassado os 6.242 e os 4.873 milhões de euros, respetivamente, continuaram a crescer em 2015. A subida das importações (na ordem dos 4,9%) compreende-se, já que o setor da construção conheceu algum incremento neste ano, em especial na área da reabilitação de edifícios. As exportações cresceram a um ritmo mais lento (0,92%), condicionadas pela redução dos mercados dos países emergentes, em especial Angola, que era o nosso terceiro mercado há dois anos, valendo cerca de 752 milhões de euros (23% do total das exportações portuguesas para aquele país)», revela o secretário-geral da APCMC, José de Matos.
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