Peeling construtivo
A minha primeira perspectiva “real” da construção foi a execução de projetos de especialidades – projeto de águas, esgotos e pluviais, acústica, estabilidade. Não vi muitas obras, não mexi num tijolo, durante anos pensei que os meus projetos eram de fácil leitura. Anos decorridos, (passando uma crise) vejo-me noutra perspectiva da construção, mais “real”, onde agora o tijolo praticamente foi substituído pelo gesso cartonado e onde me deparo com as falhas dos meus projetos, dando o alerta de que estes, provavelmente, não foram inteiramente cumpridos e fazendo-me pensar que a falha tenha sido visto a tempo, por alguém que tinha a experiência mais “real”.
No último trimestre de 2016, o sector da construção apresentou um crescimento de 1.7% tanto em investimento na construção como no resultado final da atividade produtiva do sector comparativamente com os outros meses do ano. O mercado das Obras Públicas revelou crescimentos acentuados quer das obras lançadas a concurso, quer dos contratos celebrados e ao nível do licenciamento de obras particulares as estatísticas mostram resultados positivos de 37% ao longo do ano de 2016. Estes números apontam assim para boas expectativas para o sector da construção, pelo menos durante o ano de 2017.
Mas o que estamos a fazer aos nossos edifícios?
Atualmente, a aposta está centrada nas grandes áreas urbanas (Lisboa e Porto principalmente), são feitos grandes investimentos, tanto na compra como na recuperação de edifícios antigos, devolutos, cujo objetivo, na sua grande maioria, será para fins hoteleiros, portanto, o investimento tem que ser recuperado rapidamente, ou seja, os prazos de execução de obra passam a ser cada vez mais apertados, a pressão é maior e os erros são uma consequência que se pode tornar irreversível.
Os projetos são fiáveis? Há uma boa análise destes por parte dos técnicos? Há uma boa leitura destes pelos empreiteiros? A fiscalização da obra é garantida?
Estes edifícios submetem-se portanto a um peeling, ganham uma nova cara, embelezam as cidades, mas o tempo, a velhice, continua dentro deles. O investimento serve para colocar vidas dentro do edifício mas estaremos a cumprir uma das importantes funções da engenharia, a salvaguarda das vidas humanas?
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Artigo escrito por Catarina Vicente.
No último trimestre de 2016, o sector da construção apresentou um crescimento de 1.7% tanto em investimento na construção como no resultado final da atividade produtiva do sector comparativamente com os outros meses do ano. O mercado das Obras Públicas revelou crescimentos acentuados quer das obras lançadas a concurso, quer dos contratos celebrados e ao nível do licenciamento de obras particulares as estatísticas mostram resultados positivos de 37% ao longo do ano de 2016. Estes números apontam assim para boas expectativas para o sector da construção, pelo menos durante o ano de 2017.
Chalé das Três Esquinas em Braga
Mas o que estamos a fazer aos nossos edifícios?
Atualmente, a aposta está centrada nas grandes áreas urbanas (Lisboa e Porto principalmente), são feitos grandes investimentos, tanto na compra como na recuperação de edifícios antigos, devolutos, cujo objetivo, na sua grande maioria, será para fins hoteleiros, portanto, o investimento tem que ser recuperado rapidamente, ou seja, os prazos de execução de obra passam a ser cada vez mais apertados, a pressão é maior e os erros são uma consequência que se pode tornar irreversível.
Os projetos são fiáveis? Há uma boa análise destes por parte dos técnicos? Há uma boa leitura destes pelos empreiteiros? A fiscalização da obra é garantida?
Estes edifícios submetem-se portanto a um peeling, ganham uma nova cara, embelezam as cidades, mas o tempo, a velhice, continua dentro deles. O investimento serve para colocar vidas dentro do edifício mas estaremos a cumprir uma das importantes funções da engenharia, a salvaguarda das vidas humanas?
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Artigo escrito por Catarina Vicente.
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