Construção anti-incêndio em fachadas
Venho aqui relembrar um problema que já tem sido levantado por alguns técnicos, mas que não é devidamente discutido por técnicos de engenharia e por empresas de construção e imobiliária: estou a falar de edifícios com fachadas altamente combustíveis, revestidas com materiais inflamáveis.
Todos nos lembramos do incêndio na Torre Grenfell, ocorrido em Junho de 2017, nos arredores de Londres, com a consequência trágica de 71 mortos. Infelizmente, nós em Portugal, temos edifícios com materiais iguais ou semelhantes e que ainda continuam a ser aplicados hoje em dia. Devido ao risco de vidas dentro de um edifício de vários pisos, este é um assunto que deveria ser seriamente abordado, com o estudo de alternativas à construção actual.
Concretamente, trata-se de dois tipos de acabamento de fachadas: as fachadas ventiladas com acabamento a chapas de alumínio e as fachadas revestidas com o sistema ETICS.
Nas fachadas ventiladas, como há um revestimento exterior e não há necessidade de paredes de alvenaria dupla, o isolamento mais usual (e que encontramos a ser aplicado hoje em dia) é o poliuretano projectado. Ora o poliuretanto é um excelente isolante térmico e na face exterior da alvenaria é muito eficaz. No entanto, o poliuretano é inflamável e combustível e havendo um acidente com fogo, transforma-se num incêndio que se propaga a toda a fachada, ou às várias fachadas do edifício, tal como aconteceu na torre Grenfell.
Uma maior valia seria colocar barreiras ao fogo, ao nível de cada piso, para impedir a progressão de um eventual incêndio, na ventilação ascendente das fachadas.
Outra maior valia seria eliminar a caixa de ar que permite a ventilação e a circulação de oxigénio, que fomenta a progressão do fogo.
O outro tipo de acabamento que representa um elevado perigo de incêndio é o sistema ETICS , cuja sigla são as iniciais de “External Thermal Insulation Composite System”. Este sistema construtivo consiste em revestir as fachadas com placas de poliestireno expandido, ou poliestireno extrudido (cada marca tem o seu sistema), que depois são revestidas com uma fina película cimentícia e, no fim, acabadas com um barramento de massa acrílica à cor desejada.
Ora, o poliestireno e a massa acrílica também são inflamáveis e combustíveis. Embora este sistema seja muito eficaz no isolamento térmico, no risco de incêndio é um exemplo do que nunca se deveria fazer. Uma maior valia para o que já está aplicado e como medida provisória contra incêndios poderia ser instalar uma tubagem em todo o perímetro dos edifícios, com aspersores que possam ser activados em caso de incêndio e colocar água, do topo para baixo, em todas as fachadas.
Venham outras soluções, mais eficazes e mais eficientes.
A realidade é que estas soluções construtivas continuam a ser aplicadas e não vejo o problema ser discutido a sério, nem a serem tomadas medidas para segurança das pessoas nos edifícios. Espero que não estejamos à espera de uma tragédia como a de Londres...
---
Artigo escrito por Mário Carlos Baleizão.
Todos nos lembramos do incêndio na Torre Grenfell, ocorrido em Junho de 2017, nos arredores de Londres, com a consequência trágica de 71 mortos. Infelizmente, nós em Portugal, temos edifícios com materiais iguais ou semelhantes e que ainda continuam a ser aplicados hoje em dia. Devido ao risco de vidas dentro de um edifício de vários pisos, este é um assunto que deveria ser seriamente abordado, com o estudo de alternativas à construção actual.
Concretamente, trata-se de dois tipos de acabamento de fachadas: as fachadas ventiladas com acabamento a chapas de alumínio e as fachadas revestidas com o sistema ETICS.
Nas fachadas ventiladas, como há um revestimento exterior e não há necessidade de paredes de alvenaria dupla, o isolamento mais usual (e que encontramos a ser aplicado hoje em dia) é o poliuretano projectado. Ora o poliuretanto é um excelente isolante térmico e na face exterior da alvenaria é muito eficaz. No entanto, o poliuretano é inflamável e combustível e havendo um acidente com fogo, transforma-se num incêndio que se propaga a toda a fachada, ou às várias fachadas do edifício, tal como aconteceu na torre Grenfell.
Uma maior valia seria colocar barreiras ao fogo, ao nível de cada piso, para impedir a progressão de um eventual incêndio, na ventilação ascendente das fachadas.
Outra maior valia seria eliminar a caixa de ar que permite a ventilação e a circulação de oxigénio, que fomenta a progressão do fogo.
O outro tipo de acabamento que representa um elevado perigo de incêndio é o sistema ETICS , cuja sigla são as iniciais de “External Thermal Insulation Composite System”. Este sistema construtivo consiste em revestir as fachadas com placas de poliestireno expandido, ou poliestireno extrudido (cada marca tem o seu sistema), que depois são revestidas com uma fina película cimentícia e, no fim, acabadas com um barramento de massa acrílica à cor desejada.
Ora, o poliestireno e a massa acrílica também são inflamáveis e combustíveis. Embora este sistema seja muito eficaz no isolamento térmico, no risco de incêndio é um exemplo do que nunca se deveria fazer. Uma maior valia para o que já está aplicado e como medida provisória contra incêndios poderia ser instalar uma tubagem em todo o perímetro dos edifícios, com aspersores que possam ser activados em caso de incêndio e colocar água, do topo para baixo, em todas as fachadas.
Venham outras soluções, mais eficazes e mais eficientes.
A realidade é que estas soluções construtivas continuam a ser aplicadas e não vejo o problema ser discutido a sério, nem a serem tomadas medidas para segurança das pessoas nos edifícios. Espero que não estejamos à espera de uma tragédia como a de Londres...
---
Artigo escrito por Mário Carlos Baleizão.
Tweet
Seja o primeiro a comentar
Enviar um comentário